Resenha: O Doador de Memórias - #Maratona 5

Livro: O Doador de Memórias

Autora: Lois Lowry

Editora: Arqueiro

Páginas: 192

Avaliação:

Sinopse: Ganhadora de vários prêmios, Lois Lowry constrói um mundo aparentemente ideal onde não existe dor, desigualdade, guerra nem qualquer tipo de conflito. Por outro lado, também não existe amor, desejo ou alegria genuína. Os habitantes da pequena comunidade, satisfeitos com suas vidas ordenadas, pacatas e estáveis, conhecem apenas o agora - o passado e todas as lembranças do antigo mundo foram apagados de suas mentes. Uma única pessoa é encarregada de ser o guardião dessas memórias, com o objetivo de proteger o povo do sofrimento e, ao mesmo tempo, ter a sabedoria necessária para orientar os dirigentes da sociedade em momentos difíceis. Aos 12 anos, idade em que toda criança é designada à profissão que irá seguir, Jonas recebe a honra de se tornar o próximo guardião. Ele é avisado de que precisará passar por um treinamento difícil, que exigirá coragem, disciplina e muita força, mas não faz idéia de que seu mundo nunca mais será o mesmo. Orientado pelo velho Doador, Jonas descobre pouco a pouco o universo extraordinário que lhe fora roubado. Como uma névoa que vai se dissipando, a terrível realidade por trás daquela utopia começa a se revelar. Premiado com a Medalha John Newbery por sua significativa contribuição à literatura juvenil, este livro tem a rara virtude de contar uma história cheia de suspense, envolver os leitores no drama de seu personagem central e provocar profundas reflexões em pessoas de todas as idades. 

-Resenha-

Para começar quero dizer que sou grande fã de distopias e esta estava em minha lista de leituras à muito tempo, e finalmente tive a oportunidade de lê-la. Apesar de algumas coisas terem me incomodado, este é um livro com uma sociedade distópica extraordinária, essencial para os fissurados em distopias como eu.

Neste livro somos apresentados à uma sociedade aparentemente perfeita, onde não existe tristeza, fome, pobreza, dor e até mesmo amor. Uma sociedade monótona, onde todos devem seguir inúmeras regras e são condicionados a pensar que a sociedade como está é o melhor jeito de se viver. Nesta sociedade todas as memórias do passado, boas e ruins, são mantidas por apenas uma pessoa, o chamado Recebedor de Memórias.

Nosso protagonista, Jonas, é um garoto de 11 anos que vive nesta “sociedade perfeita”. Ele se encontra apreensivo devido à chegada de seus 12 anos e da chamada “Cerimônia dos Doze”, onde lhe é designada uma atribuição (que é a profissão que ele vai seguir). Nesta cerimônia, ele é escolhido para uma atribuição única e de enorme honra, a de Recebedor de Memórias. A partir de então o antigo Recebedor se torna um Doador, e é incumbido de passar todas as memórias do passado para o garoto, procedimento árduo, doloroso e que exige muita coragem, uma vez que algumas memórias são repletas de dor. A partir de então Jonas começa a descobrir que está vivendo uma mentira, e que há muito mais além de sua “cidade perfeita”.

A sociedade deste livro é bastante complexa, existem inúmeras regras a serem cumpridas para que se mantenha a paz. Uma coisa interessante é que as pessoas não tem liberdade, uma vez que não podem escolher com quem se casar ou sua profissão. Sequer podem gerar filhos, estes são gerados por pessoas designadas para isso, as chamadas “Mães Biológicas”, e eles devem ser requeridos ao governo e ele decidirá se o casal poderá ou não receber um filho, no caso um filho e uma filha, que é a regra.

O ponto forte do livro é a distopia, sendo este desprovido de ação. Fato que eu achei bem interessante, uma vez que muitas distopias acabam por perder o foco e direcionar-se a outros aspectos como o Romance. A criatividade da autora foi enorme ao desenvolver esta sociedade, detalhando bem suas particularidades.

Certamente trata-se de uma obra fantástica, porém algumas coisas não me agradaram, como o tamanho do livro. Achei que a história e a sociedade poderiam ter sido muito mais bem desenvolvidas, uma vez que o livro apresenta menos de 200 páginas. Outro coisa que não me agradou é que o livro apresenta um final muito aberto, não dando muitos detalhes sobre o desfecho da obra. Mas, sim, o livro possui continuações. É uma série de 4 livros na verdade, mas pelo que pude perceber, o segundo livro conta uma história diferente do primeiro, com outra protagonista. Porém espero que a história de Jonas continue em algum dos outros livros, por que os acontecimentos finais são de causar grande curiosidade ao leitor.

Enfim... Trata-se de uma distopia fantástica, uma obra criativa, fluída e de fácil leitura. Um livro super  envolvente e que dá para se ler rapidamente. Além de tudo, o livro ainda abre espaço para uma série de reflexões muito bacanas sobre nossos hábitos na sociedade. Recomendo muito esta leitura.

-Quotes Favoritas-

“-Mas por que todo mundo não pode ter as lembranças? Acho que seria um pouco mais fácil se as lembranças fossem partilhadas. O senhor e eu não teríamos de suportar tanta coisa sozinhos se todas as outras pessoas assumissem uma parte disso.” (pág 117)

“-O pior de ser quem guarda as lembranças não é a dor que se sente. É a solidão. As lembranças precisam ser partilhadas.” (pág 160)